Artigo: Lembrar para não esquecer, conhecer para não repetir

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Por: Flávio Oliveira*

A década de 1960 marcou o Brasil por diversos fatores que contribuíram para a formação cultural e política de uma geração.

Os movimentos políticos efervesciam no país, a exemplo da luta pelo direito de João Goulart assumir a presidência após a renúncia de Jânio Quadros em agosto de 1961. Porém, com os vacilos políticos da esquerda não foi possível conter os opositores de Jango, pois, em abril de 1964 ocorreria um golpe de Estado orquestrado pelas forças armadas juntamente com setor empresarial brasileiro e com apoio da Igreja Católica.

Francisco Emanuel Penteado nasceu no dia 29 de dezembro de 1952, na nossa querida Taquaritinga, era filho de Francisco Santa Cruz Negreiros Penteado e Nair Pereira Pinto. Sua militância se inicia em nossa cidade, ao lado de seus amigos que sonhavam em mudar o país. Pouco se sabe a respeito de sua infância, o que se sabe é que estudou na escola Nove de Julho e aos 16 anos exercia sua militância e estudos em Taquaritinga.

 Ao terminar a escola entraria para militância da ALN (Ação Libertadora Nacional) – uma dissidência do Partido Comunista Brasileiro, liderado por Carlos Marighella, aderindo ao GTA (Grupo Tático Armado) coordenado por Gelson Reicher. Nesse grupo participou de algumas ações, entre as quais o justiçamento de um proprietário de um restaurante em São Paulo, do qual delatou companheiros da ALN (Ana Maria Nacinovic, Iuri Xavier Pereira, Antonio Carlos Bicalho Lana e Marcos Nonato Fonseca, todos mortos em uma emboscada) e assim teve sua prisão decretada em 23 de outubro de 1972.

Relatos de pessoas que conviveram com ele nesse período em que sua prisão foi decretada afirmam a tensão que era viver na clandestinidade (ou seja, escondido). Paulo Frateschi em entrevista concedida para mim narra que Chiquinho lhe pedia ajuda com dinheiro e roupas, o contato entre os dois estreitaram uma curta amizade, no que resultaria o seu filho chamar Francisco em homenagem ao companheiro de luta.

No dia 15 de março de 1973, Francisco foi morto em uma emboscada na Rua Caquito, no bairro da Penha (São Paulo) ao lado de Arnaldo Cardoso Rocha e Francisco Seiko Okama. Segundo o relato do professor Amílcar Baiardi para a CEMDP (Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos) que na época estava preso nas dependências do DOI-CODI, Francisco foi interrogado em uma quadra de esportes e alvejado com três tiros disparados pelos agentes, um deles de cima para baixo, segundo o laudo da necropsia. Francisco Emanuel Penteado foi deixado na quadra por mais de uma hora agonizando até que o carro do IML chegasse para recolhê-lo.  

Essa semana completou 50 anos desse fato triste. Um jovem cheio de esperança que teve uma vida encerrada precocemente não deve ser esquecido jamais.

Francisco Emanuel Penteado presente!

*Flávio Oliveira é Professor de História e Filosofia na rede pública do Estado.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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